RESENHA CRÍTICA BENEVOLO, L. História da Cidade. São Paulo: Editora Perspectiva, 1991. (Capitulo 2 – A origem da cidade no oriente próximo)






Catedral da Sé-Acervo próprio



CASTRO, Daiane Henrique de[1]



1 CREDENCIAIS DO AUTOR

Leonardo Benévolo, (1923 -2017) Arquiteto e Urbanista nascido em Orta – Itália. Estudou arquitetura em Roma e concluiu ali seu doutorado em 1946. Lecionou no Ateneo, nas Universidades de Florença, Veneza e Palermo ministrando História da Arquitetura. Uma das figuras mais representativas da história da arquitetura italiana. Projetou e construiu a nova sede da feira de Bolonha e o plano regulatório de Monza. Possui diversos livros publicados que são utilizados até hoje para compreensão da história da arquitetura, entre eles: “História da Cidade”. Outras obras:

BENEVOLO, Leonardo. A cidade e o arquiteto. São Paulo: Perspectiva, 1991.

BENEVOLO, Leonardo. História da Arquitetura Moderna. Tradução de Ana M. Goldberger. São Paulo: Perspectiva, 2004.



2 RESUMO DA OBRA

A transformação da aldeia para cidade dá-se no momento que as indústrias e os serviços não são mais realizados pelas pessoas que cultivam a terra e sim por pessoas que não tem esse dever. Ali começa a diferenciação de duas classes dominantes. A indústria e os serviços vão se desenvolvendo através da especialização paralelamente a produção agrícola se beneficia desses serviços e instrumentos. A cidade se torna esse centro de evolução onde a classe dominante norteia e influi sobre toda a sociedade, em contrapartida a aldeia apresenta uma certa lentidão no processo evolutivo.

O inicio dessa formação urbana dá-se na região do crescente fértil, as margens das águas que além de favorecer o crescimento de vegetação e cultivo de alimentos e pastagens torna-se um facilitador na troca de mercadorias entre centros urbanos, além de ser um meio de transporte e escoamento de produções. A vegetação é desigual nessa região pois só existe desenvolvimento onde localizam-se as aguas ou até onde é possível transpô-las. O céu se abre de forma satisfatória para utilização dos astros em medições e tempo. Nesse momento observou-se que o excedente das produções era vantajoso para a economia havendo aumento populacional e a cidade se sobressaindo ao campo.

Em locais diferentes esse fato aconteceu de maneiras variadas. Na Mesopotâmia o excedente ficava nas mãos dos governantes que recebiam rendimentos de partes comuns das terras, administravam essas riquezas acumulando provisão para a população, fabricavam ou importavam as necessidades e registravam informações e números das cidades. O terreno serve de papel para escrever a história e nele podemos observar a forma de organização daquele povo. Com os muros circundantes que individualizavam e protegiam, os canais de distribuição de agua, os armazéns, templos dos deuses sobre o nível uniforme da planície e suas pirâmides em degraus. As obras grandes e casas comuns são construídas de tijolos de argila facilitando o desmoronamento com o decorrer do tempo.

Até meados do terceiro milênio as cidades dessa região lutavam entre si pelo domínio da planície e das áreas irrigadas pelos dois rios, isso fez com que o desenvolvimento econômico fosse limitado, até que uma cidade se sobressaiu diante as outras e se transformou em um império que  pode submeter as vizinhas. O primeiro fundador de um império estável foi Sargão de Acad, depois pelos reis sumérios de Ur, por Hamurabi da Babilônia e outros.

Ali as construções tornaram-se imponentes, a cidade se organiza. A estrutura dominante era o castelo ao invés do templo. As primeiras super cidades eram as capitais do império, como Nínive e Babilônia.

Babilônia foi a capital de Hamurabi, planificada por volta de 2000 a.C. Tratava-se de um retângulo dividido pelo Eufrates, são 400 hectares cercadas por muros. Toda a cidade parecia ser projetada geometricamente, as ruas eram retas e de ângulos constantes e os muros em ângulos retos, as casas particulares reproduzem em escala menor o que existia nos grandes templos.

As cidades sumerianas no início do segundo milênio eram circundadas por muros e também um foço, abrigava milhares de pessoas. O homem fez intervenções na paisagem, transformando pântano e deserto em campos e pomares. Na cidade os templos, observatórios, laboratórios e armazéns eram diferentes das casas por estar em locais mais elevado e serem maiores.

No Egito o faraó tinha o poder sobre todo o seu território, e o excedente que ele recebia era consideravelmente maior que os sacerdotes da Ásia, com esse dinheiro ele construiu a cidade, os templos e sua tumba monumental. Sendo vinculado o número de pessoas a quantidade de riqueza do faraó, assim que a população aumenta sua tumba também se tornava mais imponente.

A primeira cidade fundada no Egito foi Menfis pelo farão Menés, ao redor dessa cidade surgiram as pirâmides dos reis das primeiras quatro dinastias e os templos solares da quinta, formando uma outra cidade.  

 A cidade divina era uma copia fiel da cidade humana onde todas as pessoas e coisas são reproduzidas, essa economia não se sustentou e ainda nos meados do terceiro milênio entrou em crise, depois se reorganizou sob o médio império no segundo milênio, onde as duas cidades começaram a se fundir, como em Tebas. A cidade ainda possuía divisão, na margem direita do Rio Nilo fica o povoado, e a Necrópole na margem esquerda, a diferença aparecia nos monumentos e edifícios dominantes que nesse momento se localizavam na cidade dos vivos sendo eles os grandes templos.

Do VI ou IV século a.C o Império Persa unificou todo o império, levando a região a ter uma época pacificada e possibilitando assim a circulação de uma extremidade a outra. Em Persépolis, a mistura dos vários países do império se mostrou na residência monumental dos vários reis persas e seu modelo arquitetônico. 


3 CONCLUSÃO
    De um modo geral, o autor se manteve fiel ao relatar a história do inicio das cidades, demonstrando imenso conhecimento e pesquisa sobre o assunto. Fala de cada época e descreve as características com riqueza de detalhes. É possível entender que o motivo da formação das cidades se deu por necessidade, por questões econômicas e sempre a arquitetura esteve vinculada a posições da sociedade, a poder. O território sempre teve lugar de destaque e certamente foi a cidade que se adequou a ele e não ao contrário. As intervenções feitas na paisagem foram de extrema importância para a expansão do território e a água foi fator determinante para a posição das cidades.
4 CRÍTICA
A obra fornece subsídios a nosso entendimento e propõe uma discussão sobre a história da origem das cidades.
   Com sólidos conhecimentos acerca do desenrolar histórico, o autor colocou seu foco em apresentar clara e detalhadamente as circunstâncias e características que fizeram a cidade se desenvolver naquela região, levando-nos a compreender as ideias básicas das várias linhas filosóficas que remetem o início das cidades, bem como a descobrir uma nova maneira de visualizar o que nos é apresentado há muito tempo.
 É uma leitura que não exige conhecimentos prévios para ser entendida, de fácil compreensão e rica em imagens que ilustram claramente o que o autor desejar relatar.
5 INDICAÇÕES
A obra serve de base para discussão sobre o surgimento das cidades e até onde isso influi nas questões atuais. Tanto profissionais quanto estudantes de graduação e pós-graduação na área de arquitetura e urbanismo podem valer-se desse material para suas pesquisas, sendo este de extrema importância e credibilidade para estudos.
Trata-se de uma obra riquíssima em detalhes que alavancam o entendimento sobre o desenvolvimento da cidade na região do Oriente Próximo.




[1] Acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Anhembi Morumbi, email daiane_chs@hotmail.com. Sob a orientação da Profª Drª Arq. Tânia Miotto na disciplina “Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo: Antiguidade ao século XVIII”.

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