ESTUDO SOBRE O DOCUMENTÁRIO: "THE PRUITT-IGOE MYTH: AN URBAN HISTORY" DE CHAD FREIDRICHS.
O
documentário “The Pruitt-Igoe Myth: An Urban History” relata a história do
conjunto habitacional Pruitt-Igoe, um empreendimento gigantesco que visava uma
mudança sobre o que a cidade estava se tornando e também representava o que a
cidade deveria se tornar.
A
história do Pruitt-Igoe inicia-se logo após a segunda guerra mundial, onde os
EUA passaram por uma grande mudança na sociedade, tendo muito da população, em
sua maioria de classe média, saindo dos grandes centros e indo para subúrbios,
buscando o sonho americano que era morar em um local amplo e com jardim,
ocasionando assim grandes quedas de clientela nos comércios da região, o que
gerou muita preocupação do governo que esses “espaços” vazios deixados se
tornassem favelas, o que na sua visão poderia deteriorar a imagem do país. Sendo
assim foi criado a Lei de Habitação (Housing Act) em 1949, que previa, entre
outras coisas, empréstimos as cidades para reconstruções e remoções de favelas.
Em
St Louis, foi criado o projeto de um massivo complexo de habitação com pelo
menos 2800 apartamentos, que inicialmente deveria ser separados entre negros
(Wendell Olliver Pruitt) e brancos (James Igoe), porem com o decreto de 1954,
que tornava ilegal a segregação nos EUA, se tornou o complexo Pruitt-Igoe.
Um
conjunto de 33 torres, 11 andares, em 230 mil metros de terra, assinado por
Minoru Yamasaki, tinha estruturas longas, com elevadores a cada três andares,
tudo para facilitar e dar segurança para comunidades ali instaladas. O projeto
porem não foi feito exatamente como projetou Minoru, com intuito de baixar o
custo, foram retirados alguns itens, como: parques infantis, banheiros no
térreo, entre outros.
Após
sua inauguração, mesmo não sendo um projeto a ser premiado, foi elogiado por
algumas publicações da época, porem foi revelado o fracasso que seria logo de início.
Mesmo com a ilegalidade da segregação no Estado, com a junção das raças, muitos
dos habitantes brancos que ali estavam, foram abandonando o complexo e também negros que tinham condições de pagar outras habitações, ficando apenas aqueles
que realmente não tinham como pagar outro lugar para morar. Cada vez mais
residentes foram abandonando o complexo, chegando em 1970 a ter 65% de moradias
vagas por ali.
O
governo bancou a construção das habitações, porem a manutenção do complexo foi
diluída nos alugueis dos inquilinos, e como os moradores ali sendo de baixa
renda, sobrevivendo na sua maioria de auxílio do governo, não havia como manter
as 33 torres. Com a falta de manutenção, mais gente saindo do complexo, ficou
inevitável o quase abandono total dos edifícios, tornando-se assim um local
dominados por gangues criminosas por todas galerias e escadarias, que fez com
que os poucos moradores dali, fossem assediados, assaltados, acabando com a
reputação do local, até o ponto de não haver se quer serviço de manutenção e entrega
no local por conta da violência.
Nem
o fundo disponibilizado para reforma do local em 1965 salvou o local da miséria
que em 1972, estando apenas com 600 moradores no local, foi determinado pelo
governo federal a demolição das 33 torres.
O
documentário trata ainda do amor que os antigos moradores tinham pelo local. A
forma que as moradoras do último andar falavam sobre a maravilha que era ter
saído de um local escuro, sem condições e ir para a “penthouse” é simplesmente incrível. Os relatos dos moradores foram
momentos impactantes no documentário.
Partindo
do preceito que a arquitetura moderna evoca a cidade para todos e que a
habitação social completa essa ideia, a construção desse complexo foi de
extrema importância para o local naquela época, ofereceu um novo desenho para a
cidade e proporcionou uma melhora na qualidade de vida das pessoas que moravam
em condições insalubres ou até mesmo em situações degradantes naquele local.
Não se pode dizer que a construção foi totalmente um fracasso, sua concepção
inicial oferecia algumas soluções que não foram levadas em conta em sua
execução potencializando a queda eminente do complexo. Nós como arquitetos
devemos pensar não somente em um projeto utópico para a solução da crescente
demanda de habitação de interesse social que vivemos, é necessário pensar no
empreendimento como um todo e o Pruitt-Igoe serve como exemplo de um projeto
que poderia ter êxito se em sua concepção fosse levado em conta questões
importantes como:
· Perfil
dos moradores
· Perfil
socioeconômico
· Local
que o empreendimento está inserido
· Valor
da manutenção
· Quem
se responsabilizará pelo gasto da manutenção
A
análise prévia desses e outros itens certamente resolveria os
problemas que apareceram no empreendimento. Obviamente não é possível prever
todos os problemas que surgirão na execução ou durante o uso de um projeto, mas
esse estudo prevê os mais catastróficos ou de maior impacto.
[1]
Acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Anhembi Morumbi, Orientada pelo professor Vitor Delpizzo na Disciplina Projeto
de Arquitetura II - Lugar. Email daiane_chs@hotmail.com São Paulo
– SP.
Interessante o artigo, parabélp...
ResponderExcluirParabens*
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirMuito legal seu artigo Daiane! Parabens!!
Excluir